O universo de “Batman” 2022 está sendo desenvolvido nas ramificações da série. O primeiro deles – “Pinguim”, sobre o gênio do crime de Gotham.
O spin-off recebeu notas extremamente altas da imprensa e dos espectadores – 94% de críticas positivas no Rotten Tomatoes e 8,9 pontos no IMDb. A série é elogiada tanto como um trabalho autônomo quanto como um spin-off do Batman.
Assistimos ao primeiro episódio e compartilhamos nossas impressões sobre ele. Contamos por que a série não deve ser perdida nem pelos fãs de quadrinhos, nem por aqueles que não estão familiarizados com o universo da DC.
“Pinguim” expande com sucesso o universo de ”Batman”
Já se passou uma semana desde os eventos do filme. O Cavaleiro das Trevas deteve o terrorista Enigma, mas Gotham ainda está um caos devido às enchentes. As ruas estão cheias de saqueadores e criminosos, e os serviços de notícias estão deixando os moradores em pânico.
Enquanto isso, as famílias mafiosas de Gotham estão lidando com seus problemas acumulados. Carmine Falcone morreu nas mãos da Mulher-Gato, e seu clã não sabe quem será o próximo líder. Os negócios foram temporariamente entregues a um herdeiro chamado Alberto, mas ele está mais interessado em bebidas e drogas. Oz Cobb, um dos subordinados de Carmine, que todos conhecem como Pinguim, quer tirar proveito da situação precária da família.
No filme de Matt Reeves, Gotham é mostrada da forma mais realista e sombria possível. A cidade é governada por políticos e policiais corruptos, e grandes negócios criminosos são feitos nas ruas escuras. Batman não é capaz de mudar a situação: ele resolve apenas problemas imediatos, mas não consegue erradicar o crime de uma vez por todas.
A série revela ainda mais o mundo subterrâneo de Gotham. O chefe da família mafiosa Salvatore Maroni faz negócios diretamente da prisão, armazena armas em depósitos discretos e Falcone planeja negócios futuros em uma luxuosa mansão. Os criminosos não têm medo de nada nem de ninguém, porque não há ninguém para detê-los: a cidade está irremediavelmente atolada em violência e vício.
“O Pinguim” funciona muito bem como um filme independente: você não precisa saber nada sobre o universo da DC nem sobre os eventos do filme de Reeves. Mas se você se lembrar do enredo, terá mais prazer em assisti-lo. Batman derrotou o Enigma, mas isso não trouxe paz à cidade. Os crimes só aumentaram, e um novo vilão veio para substituir o falecido Falcone – mais sanguinário e astuto.
A série agradará aos fãs de “Os Sopranos” e de filmes sobre a máfia
“Penguin” mostra a história da ascensão de um pequeno gângster ao sucesso e segue todos os tropos do gênero. O protagonista, com um sotaque ítalo-americano característico, esconde um cadáver no porta-malas, como em “Goodfellas”, de Martin Scorsese. Mata um homem que ousa ser desrespeitoso, assim como em “Scarface” e “Os Intocáveis”, de Brian De Palma. Mostra a um garoto como é a rua, como em “Donnie Brasco”, de Mike Newell.
Mas, acima de tudo, “Penguin” lembra a lendária série “The Sopranos”. Oz Cobb, assim como o personagem de Michael Gandolfini, também tem uma mãe de mau humor, que o repreende por qualquer delito. Ambos os personagens escondem suas emoções sob uma máscara de brutalidade e tentam parecer machos alfa.
O primeiro episódio quase não tem ação, mas tem muito diálogo tenso. Oz faz um longo jogo: ele mente para seus aliados, convive com seus inimigos, nega habilmente as acusações e tenta esconder suas verdadeiras intenções. Durante todo o episódio, o herói tece intrigas e tenta não ser pego por pessoas que suspeitam de sua traição.
Acompanhar tudo isso é incrivelmente interessante – em grande parte devido ao magnífico jogo de Colin Farrell. O ator se dissolve de tal forma no papel do Pinguim que seu personagem parece ser uma pessoa real, sem maquiagem ou figurino, um herói como se fosse de outra época. Farrell trabalha com maestria o andar: você pode acreditar que é realmente difícil para ele se movimentar. E sua voz soa tão natural, como se o ator tivesse interpretado gângsteres a vida inteira.
O Pinguim, interpretado por Colin Farrell, é um grande vilão
O Pinguim nos filmes e nos quadrinhos sempre foi um personagem caricato. Um gângster baixinho, de smoking e com um cilindro na cabeça, fisicamente inferior e sem um intelecto brilhante. Em “Batman Returns”, ele foi mostrado como uma aberração que foi criada por pingüins de verdade. E na série “Gotham”, ele era mais parecido com o Coringa no minimapa – mole e destemido. Mesmo nos jogos Batman: Arkham, o Pinguim era apenas um criminoso engraçado em um casaco de pele e não representava uma ameaça real.
Em Batman 2022, o Pinguim também não inspirava terror, pois era um subordinado insignificante de Falcone. No entanto, em sua própria série, o vilão foi finalmente revelado. Sua força reside em sua imprevisibilidade e astúcia. Oz Cobb elabora planos magistrais no menor tempo possível, ajusta-se bem às circunstâncias e mantém em sua cabeça várias opções para resolver o problema. O Pinguim está sempre armado – e não hesita em usá-la. Mas sua arma mais eficaz é o carisma. Até mesmo o pequeno ladrão Vic, que queria roubar seu carro, sucumbe ao charme de Cobb.
O protagonista da série é geralmente simpático. Comparado a outros criminosos, ele até parece ser um modelo de moralidade: não mata sem motivo, é misericordioso com aqueles que pedem misericórdia e estabelece metas realistas para si mesmo. Oz Cobb não sonha com montanhas douradas e dominação mundial. Tudo o que ele quer é o respeito das pessoas ao seu redor e um lugar ao sol.
É incrível como o próximo adversário do Batman pode ser interessante e fascinante. Ele não tem uma história de fundo convincente, como o Sr. Freeze, nem traços de caráter marcantes, como o Duas-Caras. O Pinguim é um homem simples e direto. Talvez seja sua natureza realista que o torna tão atraente, porque vemos pessoas como ele na vida.